porto de fortaleza

Depois de anos de espera, Fortaleza ganhou uma estação para embarque e desembarque de passageiros de cruzeiros marítimos. O transatlântico MSC Divina foi o primeiro a chegar, trazendo mexicanos apaixonados por futebol para acompanhar jogos da Copa do Mundo no Brasil. Os visitantes foram recebidos com festa e aprovaram o novo equipamento, que promete se transformar, até o final deste ano, em mais um espaço turístico da cidade, oferecendo bem mais que apenas a visão privilegiada do vaivém de gigantescas e luxuosas embarcações.

A estação de passageiros tem nove mil metros quadrados de área e é dotada, no andar térreo, de instalações operacionais completas para embarque, desembarque e trânsito de passageiros; armazém de bagagens com scanner, cadeiras e rede wi-fi, além de salas para os órgãos intervenientes (Receita Federal, Polícia Federal, Antaq, Anvisa, Ministério do Trabalho e Ministério da Agricultura). Em anexo, estão jardim e estacionamento de ônibus e automóveis com 298 vagas.

O novo espaço chama atenção pela funcionalidade e modernidade das instalações, decoradas com fotos de paisagens, artesanato e culinária cearenses. Mas, é no segundo piso da estação marítima que o turismo vai navegar de vento em popa. Com previsão de abertura ao público a partir de outubro próximo, quando já deverá estar concluído o processo de arrendamento do terminal para a iniciativa privada, o pavimento priorizará o entretenimento e lazer.

Estrutura

O presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Paulo Holanda, relata que no segundo piso da estação deverão funcionar dois restaurantes, bares, lanchonetes, lojas de conveniência, livraria, auditório com capacidade para 100 pessoas e ampla área livre para a realização de eventos diversos, como exposições, lançamentos de livros e atividades artístico-culturais. O espaço ficará aberto 24 horas para usufruto de fortalezenses e visitantes de outros Estados e do exterior, aquecendo o turismo naquela área de Fortaleza até então carente de equipamentos atrativos ao público.

Holanda considera que o equipamento, embora ainda não totalmente concluído, já oferece as condições adequadas para embarque e desembarque de passageiros de cruzeiros. Assim, em breve, o Porto do Mucuripe será inserido, em definitivo, no roteiro dos transatlânticos em viagens de turismo pelo litoral brasileiro. O presidente da CDC destaca, ainda, que, até o final da temporada 2014/2015, em março do ano que vem, já está acertada a chegada de nove mega-navios de passageiros, entre eles MSC Lirica, MSC Preziosa, Ruby Princess, Seabourn Quest e Columbus 2.

Num primeiro momento, não estão sendo oferecidos cruzeiros marítimos tendo Fortaleza como ponto de embarque e/ou desembarque. Assim, o terminal funcionará apenas como ponto de passagem de navios de passageiros. Entretanto, Holanda entende que o interesse no arrendamento do equipamento por parte de armadoras internacionais – a exemplo de MSC Cruises e Royal Caribbean -, e a efetivação do contrato, o que deve ocorrer até agosto próximo, poderão viabilizar esse tipo de operação no Porto de Fortaleza.

Sobre o tema, a Clia Abremar Brasil (Cruise Lines International Association – Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) avalia que a estação de passageiros de Fortaleza é "um passo na direção correta. Mas, ainda existem outros problemas bem maiores, que a associação vem falando desde muito tempo: os altos custos operacionais, a elevada carga tributária e a falta de clareza nas legislações tributária e trabalhista". A entidade destaca que "sem a resolução desses problemas, vai ser difícil reverter a atual tendência de redução dos cruzeiros marítimos no Brasil".

Em períodos do ano em que não ocorrer a chegada de navios de passageiros em Fortaleza, a estação será utilizada apenas como espaço para lazer e entretenimento. Contudo, o equipamento não sofrerá ociosidade, pois faz parte de um complexo multiuso que conta com cais de atracação de 350 metros de extensão e 13 metros de profundidade e retro-área com 40 mil metros quadrados para armazenagem de contêineres, o que caracteriza o empreendimento como um terminal de múltiplo uso. Essas áreas serão utilizadas nos períodos de baixa estação para a operação de navios de carga. Para se ter uma ideia da demanda, até novembro próximo, quando tem início a temporada de cruzeiros na costa brasileira, o complexo receberá 44 navios cargueiros.